A coragem de começar do zero.
23.06.2025
Vou te contar uma verdade que nem eu mesmo achei que um dia estaria dizendo em voz alta — ou escrevendo, como agora.
Eu tô começando do zero.
E, sim, isso vem com aquele pacote completo que você conhece bem…
Insegurança.
Ansiedade.
Aquela voz inconveniente na cabeça perguntando: “Será que eu devia mesmo estar fazendo isso?”
Medo de não ser bom o suficiente, de não dar conta, de parecer pequeno demais, de não corresponder expectativas, de não estar à altura das próprias escolhas.
E não tô falando de começar um emprego novo, um novo prato ou menu, nem um novo projeto de vídeo. Tô falando de algo que, pra mim, é tão fora da zona de conforto quanto seria para você largar sua carreira por uma temporada pra virar ceramista, marceneiro ou tatuador.
Eu decidi escrever uma newsletter semanal
Uma carta aberta. Meu "plano aberto". De mim, pra quem quiser ler.
Sem roteiro de vídeo, sem câmera, sem edição pra esconder as pausas, os erros, os silêncios.
Só palavra, peito e verdade - “Palavra” para cumprir um combinado, ter comprometimento. Peito para expor o que se passa e para dominar nele as críticas e abrir caminho para continuar. E verdade para ter um sentido real e cumprir propósitos, sejam meus ou de quem resolver me acompanhar neste percurso novo e diferente da escrita.
E te confesso, talvez pela primeira vez na vida, que é estranho estar aqui, lidando com esse tipo específico de situação, de desconforto - o conhecido frio na barriga… Porque, mesmo depois de anos criando, produzindo, comunicando, vendendo, construindo imagem para os outros… fazer isso pra mim, com minhas próprias palavras, me obriga a encarar de frente uma coisa que a gente, no fundo, evita sempre que pode:
O desconforto de começar algo do zero.
E é aí que caímos em si. Isso não é só sobre mim. É sobre mim, sobre você e sobre todo mundo que já entendeu — na marra ou na consciência — que o que te trouxe até aqui não é, necessariamente, o que vai te levar pro próximo nível.
O perigo invisível de tudo que funciona
Acredito que a melhor forma de ilustrar isso é com a alta gastronomia. Uma área que me interessa muito, que gostamos de trabalhar na produtora de vídeo e é bem próxima da minha realidade. Seja de criatividade, de tensão, de entrega, de histórias ou processos.
E todo mundo já se considerou um chef de cozinha em algum momento, seja por sobrevivência ou para impressionar alguém. Então, imagine-se e considere-se um. Vista sua doma e acompanhe. Oui!Chef…
Sabe aquele prato que você criou há anos, que te colocou no mapa, que virou assinatura, que paga conta, que enche salão?
Ele é, ao mesmo tempo, sua bênção e sua prisão.
Isso acontece em qualquer negócio. Seja produto ou serviço.
Porque quando você chega num ponto onde as coisas funcionam, onde o nome segura, onde o boca a boca resolve, onde a demanda não te deixa nem respirar… nasce, sem fazer barulho, um dos problemas mais perigosos da vida de quem joga no topo:
A armadilha do conforto funcional.
Aquele pensamento disfarçado de prudência que fala no silêncio:
"Pra quê mexer? Já tá funcionando." - boleiros como eu (não, não é o da confeitaria..), já conhecem o ditado que cabe aqui.
Só que tem uma coisa que o mercado, o tempo e a vida vivem esfregando na cara de quem não quer enxergar:
O que funciona hoje pode ser exatamente o que te afunda amanhã.
E não tô falando só de cozinha.
Tô falando de percepção.
De narrativa. De imagem.
De como, muitas vezes, a excelência que você entrega pra quem tá sentado no seu salão não tem nem metade da força quando chega do lado de fora.
Pratos que são obra de arte.
Processos que são engenharia de desejo.
Experiências que são cultura viva.
Mas, na cabeça do cliente, da mídia, do mercado…
É só mais um restaurante bom, talvez ótimo.
Ou que dá para fazer algumas fotinhas de “pratos legais” e alimentar o ego, lifestyle e as redes sociais das pessoas.
Por quê?
Porque você nunca teve a mesma coragem de começar do zero na construção da sua própria história, quanto teve pra construir seu menu, seu mise en place, sua operação.
Se você sabe fazer no prato, sabe fazer na marca
Trabalhando na gastronomia há algum tempo, posso afirmar que por muitas vezes você já destruiu uma ideia inteira — depois de semanas testando — porque entendeu que não era bom o suficiente.
Quantas vezes você olhou pra um ingrediente e pensou: “Dá pra ir mais fundo aqui”?
Quantas vezes você jogou fora um caminho inteiro pra achar outro que fosse mais autêntico, mais honesto, mais seu?
Por que, então, quando o assunto é sua própria narrativa, sua imagem, sua percepção… o padrão muda?
Por que, quando é pra contar sua história, você aceita o “tá bom assim”?
Sabe aquela lâmina que você afia todo santo dia?
Então. O audiovisual documental estratégico é isso.
É pegar a lâmina, olhar para dentro, destrinchar sua história até o osso, separar o que é essência do que é excesso, e transformar isso em imagem, som e narrativa, e comunicar para quem deseja e deve ouvir.
Não é vídeo.
Não é conteúdo.
Não é peça de marketing.
É o processo de fazer com a sua história o que você faz com seu prato.
Escolher o melhor ingrediente.
Fazer do jeito certo.
Testar, errar, ajustar, até que aquilo não seja só bonito, nem só funcional.
E para que no resultado final: Seja inesquecível.
As desculpas são sofisticadas, mas ainda são desculpas
Eu sei exatamente o que você tá pensando em me falar.
"Agora não é o momento."
"O salão tá cheio, não dá pra parar."
"Deixa eu só fechar essa expansão."
"Depois que abrir o novo menu, eu vejo isso."
Nesses anos todos, eu já devo ter ouvido (quase) todas.
De você, dos outros, de mim pra mim mesmo.
E quer saber? Tudo isso é só sintoma do mesmo medo.
Medo de se olhar. De se reconhecer.
De se escutar. De se posicionar.
Porque começar do zero nunca é sobre falta de competência.
É sobre excesso de apego ao que já funciona.
Só que tem uma verdade que não dá pra negar:
Quem não controla a própria narrativa… vira coadjuvante na narrativa dos outros.
E o mercado não perdoa quem some.
Isso não é uma fórmula. É um chamado.
Ninguém aqui tá te prometendo mágica.
Assim como na sua cozinha não existe atalho para excelência, aqui também não existe.
Existe processo. Existe escolha. Existe decisão.
O que eu faço — e que vou te mostrar nessa jornada que começa aqui, agora — é isso:
Ajudar quem tem coragem de fazer com sua história o que faz com seu menu.
Olhar pra dentro. Profundo. Aquilo que faz único - onliness.
Entender quem você é, o que você construiu, o que te faz inegociável. E transformar isso numa narrativa tão poderosa, tão honesta, tão sua… que o mundo lá fora não tenha escolha a não ser enxergar, desejar, respeitar.
Porque, no final do dia, não é sobre vídeo.
Não é sobre estética, técnica.
Não é sobre mais um post bonito no feed.
Não é sobre venda imediata, sobre “casa cheia” apenas.
É sobre blindagem de marca.
É sobre percepção.
É sobre o tipo de legado que você quer deixar — e que ninguém pode roubar de você.
A pergunta que faço
Essa é minha newsletter número um.
O primeiro prato desse novo menu que eu decidi criar.
E, honestamente, eu não sei se você vai gostar, se vai concordar, se vai querer acompanhar.
Mas eu sei que ela precisava existir.
Porque se eu tô te pedindo coragem pra começar do zero na sua história…
Seria covardia não começar do zero na minha também.
Então, te deixo com uma pergunta que eu mesmo tô me fazendo enquanto escrevo isso:
Na sua vida, na sua cozinha, no seu negócio… tem alguma coisa que você já sabe, no fundo, que tá na hora de começar do zero?
Se quiser, me responde.
Se quiser, me ignora.
Mas uma coisa eu te prometo: essa conversa não para aqui.
Vai continuar esperando o cenário ideal ou vai começar com o que tem — do jeito que dá — até ter do jeito que quer?
A coragem é a intersecção entre a ação e o medo.
Um café quente e uma mente presente.
Renan.