Menos Tendência, Mais Impacto: A Grande Ilusão da Trend. Menos Tendência, Mais Impacto: A Grande Ilusão da Trend.

Menos Tendência, Mais Impacto: A Grande Ilusão da Trend.

30.06.2025

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Todo restaurante que se rende ao algoritmo está flertando com o próprio esquecimento.
Overcooking da vida digital.

Fiquei pensando sobre isso. E já faz um bom tempo.
Mas acredito que preciso falar dessa verdade que talvez você já tenha sentido na pele, mas nunca teve tempo — ou coragem — de colocar em palavras.
Uma verdade que esperneia e até grita no silêncio depois do serviço, no vazio que fica quando o hype passa, na frustração de ver um prato viralizar e morrer (às vezes como um meme - o que é pior…), no esforço diário de manter acesa uma chama que, no fundo, você sabe que não ilumina e nem aquece mais nada.

A verdade é que a obsessão por tendência está esvaziando e sugando a alma da gastronomia.

Vivemos em um tempo em que cozinhar virou performance, restaurante virou palco e prato virou feed. "Faz um food porn - que resolve.”
E se você não estiver esperto, seu legado vira espuma.
E espuma não alimenta.
Não nutre.
Não permanece.
Fica na superfície.

Então o que eu escrevo aqui, não é sobre marketing, nem sobre o que está em alta no TikTok, nem sobre o novo conceito de “experiência imersiva”, "cozinha afetiva” que algum gênio do branding inventou.
O que digo aqui é sobre o que fica quando tudo isso passa.
É sobre o que sobrevive ao tempo.
É sobre o que importa de verdade.
É sobre essência.

 

A armadilha dourada do hype

Certamente, assim como eu, você já percebeu que, hoje, quase ninguém fala mais sobre comida com profundidade?
Fala-se muito sobre conceito. Sobre narrativa. Sobre estética. Sobre “o que engaja”.
Mas sobre comida — aquela que nasce da memória, do suor, da história — quase nada.

É como se a gastronomia tivesse sido sequestrada por uma máquina que exige novidade o tempo todo. Não estou falando em inovação(que é importante e tem seu lugar em situações), mas sim da frenética busca de algo que nem se sabe o que é. Renovação de feed e busca de atenção de maneira errada.
E essa máquina não se importa com o que você pensa. (E você deveria…)
Ela quer cliques. Ela quer luz bonita. Ela quer frases de efeito e cortes rápidos.

A cada semana, uma nova trend.
A cada trend, uma nova promessa.
A cada promessa, mais um restaurante se dobra, e desdobra tentando caber dentro de um molde que não foi feito pra ele.

E no fim, o que sobra?
Chef esgotado.
Equipe perdida.
Marca sem identidade.
E clientes que só vieram pelo “momento instagramável”.
Tiraram a foto da sua checklist do restaurante e nunca mais voltam.
Essa pessoas não entenderam, ou você está comunicando errado para elas.

Sabe qual é o problema?
Enquanto todo mundo corre atrás da próxima modinha, ninguém constrói nada que dure.
É o fast food da imagem: bonito na vitrine, vazio no sabor.

 

“Mas não dá pra ignorar as redes, né?”

Óbvio que não.
Seria loucura virar as costas para a realidade digital.
Mas é preciso entender que usar o digital é diferente de ser usado por ele.

O problema não é aparecer no Reels.
O problema é virar escravo da linguagem dele.
É quando a estética do feed começa a mandar mais que a ética do prato.
É quando a história da casa se resume a um desafio de dancinha.

Você pode — e deve — se comunicar.
Mas com propósito. Com verdade. Com estratégia.
Você pode usar audiovisual.
Mas pra contar o que ninguém mais conta.
Pra mostrar bastidores, para revelar a verdade por trás da técnica, da origem, da decisão criativa.

Quando tudo é trend, nada é marca.
Quando tudo é espuma, ninguém lembra do gosto.

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Substância não viraliza. Mas permanece.

Existe um motivo pelo qual certos nomes atravessam décadas.
E não é porque eles se adaptaram a todas as modinhas.
É porque eles sabiam o que estavam construindo.
Tinham clareza.
Tinham coragem de sustentar uma ideia mesmo quando ninguém entendia.

Esses nomes não aparecem todo mês no “Explorar” do Instagram.
Mas quando aparecem, todo mundo para pra ouvir.
Porque têm algo que falta na maioria: substância.

E a substância não grita.
Ela ecoa.

E o audiovisual documental estratégico é ferramenta cirúrgica para isso.
Não como um vídeo bonitinho com drone e música épica.
Mas como uma ferramenta de memória, de identidade, de construção de marca com alma.
É alugar um espaço cada vez maior em metro quadrado na mente das pessoas certas.

Você pode ter o restaurante mais premiado da cidade.
Mas se não documentar o porquê da sua existência, se não eternizar o como você chegou até aqui, amanhã você vira só mais uma lembrança digital apagada por um dedo distraído.
Ou por uma Pandemia repentina.

 

Menos espuma. Mais coragem.

Você não precisa virar um personagem para agradar o público.
Você não precisa aceitar toda ideia “disruptiva” que algum influencer de marketing jogou numa palestra.
Você só precisa voltar para a base.
O por quê, o como, o por quem, e para quem.
Reencontrar a essência.
Lembrar por que você começou.

E comunicar isso com verdade.

Talvez você tenha medo de parecer “parado no tempo”.
Mas ficar firme na essência não é se recusar a evoluir.
É escolher qual direção seguir — e não ser empurrado por qualquer vento.

Nesses quase 15 anos na produtora - Cafeteria Filmes Co., a gente já viu isso acontecer de perto.
Chefs que largaram a ilusão do hype e decidiram contar sua história com clareza, com profundidade, com estética, sim — mas estética a serviço da verdade, não do engajamento vazio.
E o resultado não foi só mais seguidores.
Foi respeito. Foi recorrência.
Foi coêrencia. Foi experiência.
Se torna Legado.

 

O que você quer deixar no mundo?

Essa é a pergunta real. e é pra mim também.
Você quer ser lembrado como “aquele restaurante que fazia pratos bonitos no Instagram”?
Ou como alguém que marcou uma geração, que influenciou outros chefs, que transformou a cultura da sua cidade?

Você quer clientes que vêm por um post?
Ou por um propósito?

Você quer espuma?
Ou substância?

Se você também sente que chegou a hora de abandonar a superfície e mergulhar fundo no que realmente faz sentido, estou por aqui.
Para estudar, entender, documentar, traduzir, revelar e posicionar o que sua história tem de mais valioso.

A pergunta que eu deixo para nós é:
Vamos seguir a trend do mês ou vamos construir um nome e história que o tempo não apaga?

Sejamos substância.

Um café quente e uma mente presente.
Renan.

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